sábado, 15 de outubro de 2011

RODOLFO ABRANTES:‘Vocalista dos Raimundos morreu aos 27 anos’, afirma pastor

Em entrevista à revista Rolling Stones o cantor evangélico Rodolfo Abrantes diz que foi transformado por Deus e que ele não é mais o mesmo rapaz que há dez anos atrás liderava uma das maiores bandas de rock nacional, os Raimundos.
Rodolfo deixou o grupo em 2001 depois de cinco meses de conversão e sempre diz que não deseja voltar. Hoje ele é pastor da Igreja Bola de Neve em Balneário Camboriú (SC), onde mora e sustenta sua família com as vendas de CDs, cachês das apresentações e contribuições voluntárias das igrejas onde toca.
A edição 61 (outubro de 2011) da revista fala sobre a mudança que o cantor sofreu depois que passou a frequentar a igreja e como vive diferente dos outros integrantes da banda que continua ativa, fazendo muitos shows pelo país.
Em um dos encontros com o repórter da Rolling Stones, Rodolfo estava participando de um evento para cerca de 200 pessoas na Bola de Neve de Araucária (PR) em um espaço coberto com lona colorida que não pode conter a chuva que acabou paralisando o show ao desligar os equipamentos. Não muito longe dali, na cidade de Curitiba os Raimundos tocavam para 45 mil pessoas em uma estrutura maior e mais moderna.
Sobre seu passado Rodolfo decreta: “O Rodolfo dos Raimundos morreu aos 27 anos”, lembrando no dia da morte da cantora Amy Winehouse que faleceu com 27 anos assim como outros ícones da música.
“Deus foi me transformando; ele transforma a gente de dentro para fora. Então, hoje sou diferente do que eu estava, mas não estou diferente do que eu era”, diz ele para a revista.

TESTEMUNHOS
Revolução às avessas de Rodolfo
Ex-raimundos: “Eu não agüentava mais aquela vida frenética e sem rumo”

Em 2001, aos 29 anos, o vocalista e guitarrista Rodolfo Abrantes, líder dos Raimundos, já poderia, com tranqüilidade, ser considerado felizardo. Vivia em São Paulo, cheio de grana. Nas noites da cidade, era bajulado pelos fãs e chegava a perder peso e ficar com a pele acinzentada, tamanha a quantidade de baladas que freqüentava regadas a maconha e ácido sempre de boa qualidade.
Sem falar nas groupies, meninas bonitas e recém-saídas da adolescência. Rodolfo só ia para casa desacompanhado se quisesse. "O palco exerce um certo fascínio sobre os outros. As pessoas gostavam do cara que viam lá em cima. E eu sempre fui de mergulhar de cabeça em tudo", conta.
Se mulheres e dinheiro já não bastassem, Rodolfo também tinha reconhecimento. Com 2,5 milhões de discos vendidos, já havia produzido um clássico da geração dos 1990, justamente o disco de estréia, Raimundos, que fazia uma releitura do som pesado e melódico da banda americana Ramones, com referências do forró.
Ele havia alcançado tudo o que sonhara desde os 13 anos, quando freqüentava o bar do Gilbertinho, em Brasília, cidade onde nasceu para ver de perto os integrantes de bandas como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, que já haviam despontado no Brasil. "Nunca fui um moleque de soltar pipas. Tudo o que sempre quis na vida foi tocar guitarra e ter uma banda de rock", lembra.
Numa espécie de revolução às avessas, Rodolfo preparava seu espírito para voltar a ter ordem na vida. "Eu havia virado escravo daquele personagem. Meu sonho tinha virado um pesadelo. Eu não agüentava mais aquela vida frenética e sem rumo. Foi quando Jesus Cristo entrou na minha vida."
Na última quinta-feira, sete anos depois da conversão, Rodolfo era mais um entre as 2 mil pessoas na Igreja Bola de Neve, na zona oeste. Discreto, de calça e jaqueta jeans, assistindo ao show de uma banda gospel chamada Livres para Adorar, com um vocalista coreano, no 15º Congresso de Batalha Espiritual. "A banda é sensacional", comentou, na manhã seguinte, em um boteco da Alameda Santos, enquanto comia um prato de laranja, mamão, banana, morango e fatias de peru.
Morando em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, lançou dois CDs evangélicos em carreira-solo: "Santidade ao Senhor" (2006) e "Enquanto É Dia" (2007), vendendo cerca de 20 mil cópias. Não é mais um rock star. Assumiu de vez o papel de missionário. Dedica-se integralmente a dar seus testemunhos por igrejas do Brasil e do mundo. As músicas são tocadas em louvores antes dos cultos. Esteve em Belém e Santarém, antes de vir a São Paulo. Nas próximas semanas, vai pregar nos Estados Unidos e no Japão.
Mesmo defendendo o amor eterno à mulher e à vida comedida, ele nega o rótulo de careta. As tatuagens, boa parte feita durante a vida louca, permanecem. Da fase nova, fez uma menorá (candelabro judaico) no pescoço. Os buracos na orelha, de 20 e 16 milímetros, feitos com alargadores, foram fechados com cirurgia plástica. Rodolfo não sente falta da fama. "Acredito no sucesso. Um padeiro ou um pedreiro podem ter sucesso se fazem seu trabalho bem feito. É o que eu busco. Não sinto falta do reconhecimento dos homens", fala. Digão, Canisso e Fred, ex-companheiros de Raimundos, mesmo depois das brigas da separação, deixaram Rodolfo emocionado ao comparecerem ao enterro do pai dele, no ano passado. "Ainda vamos dar muita risada do que rolou", diz.











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